TCE-RO identifica falhas estruturais, insuficiência de insumos e riscos assistenciais em fiscalizações no Hospital de Base e Cemetron
Uma nova rodada de fiscalizações do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO), neste fim de semana, revelou um cenário desafiador em dois dos principais hospitais públicos da capital: o Hospital de Base Ary Pinheiro e o Cemetron.
As inspeções identificaram falhas estruturais, equipamentos danificados, riscos assistenciais graves e gargalos que interferem diretamente na segurança do paciente, na qualidade dos serviços e na continuidade do atendimento.
A atuação do TCE-RO busca induzir melhorias nas condições de trabalho para os profissionais da saúde e no atendimento à população que necessita do serviço.
HB: FALTA DE ESTRUTURA, EQUIPAMENTOS INOPERANTES E RISCO À ASSISTÊNCIA
No Hospital de Base, a equipe do TCE-RO percorreu setores essenciais ao funcionamento da unidade. Foram constatadas irregularidades que comprometem o atendimento, a segurança e a eficiência hospitalar.
No almoxarifado, o problema começa pelo espaço físico: caixas empilhadas até a altura da iluminação, poucas prateleiras e ausência de equipamentos adequados para carga e descarga, realizada manualmente e com auxílio de escadas, expondo os servidores a acidentes.
Na lavanderia, uma das máquinas está inoperante há quatro meses. O espaço vem sendo usado como depósito de equipamentos quebrados e há infiltrações e revestimentos desprendidos.
Na farmácia central, embora o controle de medicamentos esteja organizado e substituições adequadas sejam realizadas, há déficit de profissionais para atender a demanda.

No Centro Cirúrgico, a fiscalização identificou salas inoperantes, sendo uma delas usada irregularmente como depósito de aparelhos quebrados.
Há apenas um aspirador cirúrgico por sala, com falhas diárias; macas sem colchonetes expõem pacientes a condições indignas; e a ausência de carrinho de anestesia reserva coloca em risco a continuidade de cirurgias.
Já na Clínica Médica, o achado mais grave: o tempo de até 60 dias na entrega de exames terceirizados retarda diagnósticos, prolonga internações desnecessárias, sobrecarrega leitos e eleva custos públicos, configurando risco direto à vida de pacientes.
CEMETRON: PROBLEMAS PERSISTEM, MAS HÁ AVANÇOS IMPORTANTES
No hospital Cemetron, os problemas continuam: camas quebradas, infiltrações, falhas na climatização e medicamentos zerados no estoque. A reposição pode levar até meses.
Além disso, parte da estrutura está sendo utilizada para atender pacientes encaminhados pelo Hospital João Paulo II, reduzindo a disponibilidade de leitos destinados ao público-alvo do Cemetron, especializado em doenças infectocontagiosas.

Como avanços, o laboratório mantém controle rigoroso e não registrou falta de insumos no último mês. Postos de enfermagem estão mais abastecidos e a equipe relatou melhora no fornecimento de materiais essenciais.
Ambientes de limpeza foram avaliados positivamente, com banheiros funcionais e boa higienização. A escala de plantão estava visível e atualizada, sinal de compromisso com o serviço.
PRÓXIMOS PASSOS
O Tribunal de Contas vai consolidar os dados coletados, determinar medidas corretivas e monitorar o cumprimento das recomendações, priorizando ações que reduzam riscos assistenciais e garantam condições mínimas de dignidade aos usuários e profissionais de saúde.

A nova etapa de fiscalizações confirma a preocupação do TCE-RO em assegurar que os recursos públicos aplicados em saúde resultem em serviços efetivos, humanizados e seguros.




