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Educação pública é discutida durante Seminário

“O Brasil tem uma realidade muito complexa quando se fala em educação.” Foi com essas palavras que o sociólogo e professor da Universidade Federal do Ceará, André Haguette, iniciou sua palestra, que abriu o segundo dia do 1º Seminário “O Tribunal de Contas e o Controle das Políticas Públicas”, realizado pelo TCE, através do Instituto de Estudos e Pesquisas Conselheiro José Renato da Frota Uchôa (IEP) e da Escola de Contas.

Haguette, que é PhD em Sociologia, afirmou sua impaciência e indignação com a realidade educacional brasileira, ao comentar os desafios dos novos governantes. “Todas as modalidades educacionais estão comprometidas”, disse. Um dos dados apresentados pelo palestrante foi quanto à alfabetização dos adultos, cuja evasão chega 30 a 35 %.

“No Brasil, apenas 13% ou 14% dos jovens de 17 a 22 anos conseguem acesso à faculdade e, mesmo assim, em instituições nas quais o ensino é de baixo nível”, declarou Haguete, ressaltando a importância de políticas públicas definidas para melhorar a educação: “Não é verdade que povo educado é um povo desenvolvido. São necessárias políticas que impulsionem a qualidade do ensino prestado, pois a população precisa se escolarizar.”

Ao falar sobre desigualdades, o professor comentou o fato de o Brasil buscar o desenvolvimento social sem proporcionar à sua população acesso ao ensino de qualidade. “Como isso será possível, se metade da população sequer completou o ensino fundamental”, questionou.

ÉTICA

Ainda durante sua palestra, o professor Haguette afirmou que a escola não tem apenas o papel pedagógico. “A escola tem função ética e política, e não partidária”, disse, acrescentando, que “infelizmente, os gestores confundem a função política das escolas”.

Ao se referir aos índices de avaliação escolar, o sociólogo afirmou que as escolas brasileiras são fracas e não ensinam seus alunos: “Hoje temos analfabetos escolarizados e com um custo altíssimo, e isso sem a valorização do professor.”

O professor aproveitou para chamar a atenção dos gestores municipais e estaduais para que não tratem as escolas como depósitos. “Escola pública hoje serve para tudo: abrigo no caso de desastre, como enchente; local de recebimento dos votos, no caso das eleições. Isso é um absurdo”, reclamou.

Haguette falou também sobre o que já está determinado na Lei de Diretrizes Básicas (LDB), que dita que as escolas devem ter 200 dias letivos e, no mínimo, quatro horas de aula por dia. “Mas essas quatro horas devem ser efetivas e sem desperdício de tempo”, observou.

Ainda sobre qualidade do ensino, o professor destacou o fato de haver, no País, uma série de programas educacionais colocados em prática pelo atual governo federal e, mesmo assim, o ensino continua de baixa qualidade e as escolas não oferecem boas condições de trabalho aos educadores.

“Tanto que os melhores alunos do ensino médio não se interessam pela carreira do magistério. Eles optam pelas faculdades de Direito e Medicina. Apenas os alunos que têm menor rendimento escolar acabam optando pela docência”, diz.

DEBATE

A professora Raquel Volpato Serbino, diretora acadêmica da União das Escolas Superiores de Rondônia (Uniron) foi a mediadora do painel de debates, realizado após a apresentação do professor André Haguette.

Nas suas colocações, Serbino disse que os problemas de atraso na entrega de livros didáticos e da merenda escolar foram sanados, mas as escolas ainda não conseguem atingir a excelência na qualidade do ensino. Concordando com a mediadora, o palestrante foi incisivo: “Escola boa é aquela onde todos estão interessados no ensino dos seus alunos e isso envolve desde o zelador até o diretor.”

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